Cada pessoa é feita de pedacinhos de outras tantas
O carinho de uma
O bem querer de outra
O amor por alguém especial…
E o coração vai costurando cada parte como se fosse um artesão a fazer uma enorme manta de retalhos.
Cada pedaço tem sua história, suas lembranças e suas marcas
E o coração cobre-se com essa imensa manta e teima em colher as saudades que brotam de cada história.
Colhe, recolhe e deixa-se levar pelo afeto.
Aí então é que a saudade invade como um fio fino a penetrar alma adentro…
Começa devagar e bem suave…
Fino fio a percorrer o corpo e a entrecortar a alma
Vai aumentando a cada dia,
A cada bater das horas…
Conta o tempo como se lesse o calendário
E cresce alimentando-se da fragilidade humana
Fio que de fino se fez e espesso
Coração tenta em vão controlar a velocidade com que tal fio envolve a alma e provoca dor
Dói.
Dói dor humana e real
Dói dor que magoa o coração.
Cada lembrança costurada, revivida e amada
Cada lembrança que a ausência traz
Traz também o carinho que ficou de um tempo que voou
E a certeza de um novo tempo
E uma nova história…
A saudade, então, se acalma
E deita-se a dormir na mesma alma
Que envolvida de amor
Entrega-se ao afeto da pessoa amada
E o coração retoma a arte
De costurar um pedaço de sonho
Na manta enorme do artesão do tempo.