Sonhos de baú

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Eu tinha um sonho: conhecer o mar.

O sonho ficou distante… tão distante que a tristeza recolheu o desejo e o guardou  em baú de coisas antigas.

Sabe aquelas coisas que não tem mais utilidade?

Então, o sonho já não mais valia… Não era assim, objeto de preocupação.

E o tempo passou.

Distante e guardado o sonho ficou.

Por vezes eu chorei escondida, fingindo não lembrar mais do sonho.

Por outras vezes disse que não me importava quando alguém me perguntava sobre  o sonho

Muitas vezes pensei em fugir. Tal qual uma criança que foge às escondidas, para realizá-lo.

Então pensei: nem que seja meu último desejo, se um dia estiver para morrer, e ainda assim puder, pedirei: Eu quero ver o mar.

Poucas vezes tirei o sonho do baú de coisas velhas,  o poli e expus:   Meu sonho foi motivo de gargalhadas… Era uma tolice. E depois, para que servia?

Melhor mesmo era esquecer  essas bobagens que não adiantam nada na vida. Mar é mar assim como visto na TV. Não faz diferença se é ao vivo ou no vídeo.  Não é preciso estar perto para ver.

E então me magoei. E chorei… Chorei muito. Já não podia mais amar o sonho. Era preciso sufocá-lo.

E quase destruído, em farrapos, novamente ele foi guardado. Ficou escondido, protegido de pessoas que não entendem nada de sonho.

Um dia, alguém sensível o bastante tocou no baú trancado, descobriu meu segredo…

Sorriu… deu-me a mão e me abraçou.

Meu sonho se tornou sonho nosso.

E de mansinho, como quem entrega um presente

O mar me foi apresentado.

Mar, imenso mar…  Muito além do ver

É possível sentir o cheiro, o vento no rosto, o som das águas…

Ver, sentir, estar presente.

Ter o mar de presente.

Não há emoção maior.

Agora, no baú, guardo as boas lembranças.

Guardo o carinho, os sorrisos…

Guardo uma alma apaixonada.

Um pensamento sobre “Sonhos de baú

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